Quando se está a chegar ao Torrão, as linhas do horizonte parecem ganhar vida. Primeiro é uma torre, depois um depósito de água, depois um casario baixo e quase a desaparecer. À aproximação da vila, as torres das igrejas, os muros e os verdes que escondem ainda os telhados das casas, revelam o oásis que se nos oferece.

A vila do Torrão tem ruas estreitas. Só o que lá se pode ver se assimila como único. As praças, o Alentejo ao dobrar das esquinas, as torres das igrejas, os bancos de sentar e de sentir, são a alma da vila. Traçar algumas das linhas, numa tira de papel, desvenda contornos muitas vezes admirados, outras tantas ignorados. Esta instalação é por isso um desafio para o seu visitante e para os observadores mais atentos. São metros de horizontes espaçosos e confinados que se espalham diante dos olhos. São linhas ao metro, para desfrutar.

Fernando Frias Reis apropria-se das paredes do AQUI e transforma-as num laboratório vivo. Ao longo dos três primeiros dias da exposição, a obra de expressão plástica desenvolve-se com o coletivo de visitantes do making-of, através de conversas, observações e experimentação voluntária. A meio do terceiro dia a expressão plástica criada evolui para a segunda fase: uma instalação híbrida de meios e suportes no espaço do AQUI. 

Com este laboratório de desenho desafia o artista à participação dos visitantes, seja através de uma simples conversa de curiosidade, seja através da experimentação de meios e suportes.