A memória negra do Vale do Sado, por uma consciência coletiva

NEGRALVO
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Programa multidisciplinar dedicado ao tema da escravatura
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Programa multidisciplinar dedicado ao tema da escravatura
Os criadores convidados são chamados a pensar formas de evocar, representar, redimir, consagrar processos históricos e memórias coletivas, as imagens e feridas não cicatrizadas de um território, a partir de conversas com conhecedores e especialistas sobre o tema da escravatura em toda a sua abrangência e complexidade, e que, a partir de áreas como a história, a geopolítica e a arqueologia, têm a capacidade de articular as dimensões da localidade e da globalidade, inclusive na sua relação com o tempo atual.

O debate integra em destaque recentes contributos críticos que associam a prática artística e literária a um salto (Marie-José Mondzain, que viu recentemente publicado em Portugal seu livro K como Colónia (ORFEU NEGRO): o poder de pensar-se co-criativamente o pós-colonianismo reflete-se num retrato performativo e plástico da condição contemporânea em que emergentes imperialismos continuam a definir os destinos (os fados) dos sítios.

Este projeto teve inicialmente o título ALVINEGRO. Durante as primeiras investigações, rapidamente mudou para NEGRALVO. O neologismo, nascido da intuitiva procura de um anagrama, celebra a complexidade de um processo histórico que no Alentejo e na região do Sado é tão importante quanto obscurecido nos discursos históricos que até hoje chegaram. Uma imagem: a do negro na brancura do casario, a sombra que tinta a luz. A imagem será vital e inspiradora na medida em que problematiza o imaginário coletivo no sentido de seu enriquecimento. De uma abundância outra: negralva. De matricial importância no que diz respeito à relação entre a cultura (e a agricultura) e a terra (e a paisagem cultural) – até hoje subsiste a memória na região de como os escravos vindos da Guiné transmutaram o território.

A compreensão e a experiência geradas pelo pensamento crítico capaz de integrar a plasticidade (das artes e da mente) é contributo para uma esfera pública esteticamente mais sensível. Que possa lidar com estratos históricos que, hoje quase invisíveis (calados, abusados), podem ser resgatados e devidamente integrados na consciência partilhada do lugar e do território. (AQUI) Novas imagens para o esquecido, novas palavras para o por-dizer, ao ritmo da negritude enquanto sensibilidade e gene cultural, na graça de sua alvura.

O projeto performativo e plástico integra no seu desenvolvimento conceptual a colaboração estreita com equipa de especialistas locais que coordenarão walkshops (visitas guiadas com especialistas e criadores à sede de concelho, Alcácer do Sal, bem como em Alvito). Nástio Mosquito e Alice Marcelino são os criadores convidados para o arranque do programa.

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